Encontrava-me sozinha, em uma roda gigante que estava em funcionamento, até decidir atravancar no topo. Eu sozinha lá em cima. Era tão alto que me permitia enxergar toda cidade, uma linda visão, linda até de mais. Eu via você também, é, você esperando-me com ar de criança encantada. Eu tinha tudo para me sentir feliz, lindamente feliz. Não pude. Ali naquele momento, meus pensamentos afloraram, dali eu enxergava tudo. Tudo o que eu não podia ver lá de baixo. O medo me consumia a cada segundo. Não rapaz, não era medo de altura, eu até gosto de correr esses tipos de riscos. Era medo de perder você. Sim, medo de perder a pessoa que me mostrava o mundo de outra forma. Eu senti frio, e vontade de gritar. Senti-me horrorizada com tudo que se passou em minha mente. Eu não podia te perder, não agora, que você faz parte do meu mundo, dos meus sonhos e de todos meus planos.
Uma lágrima veio a escorrer pela minha face. A roda gigante voltou a girar, vagarosamente, acabando com a visão que eu tinha da cidade. Sequei aquela lágrima rapidamente, para que você não a visse.
Conforme a roda gigante se aproximava do chão, você me mostrava uma espécie de cartaz, com pequenas frases, como 'eu adoro te ver sorrir', 'eu pretendo dividir todos os meus momentos com você', 'obrigada por existir', 'eu nunca irei deixar você'. "Eu nunca irei deixar você", ler isso foi tão importante naquele momento.
Ao chegar ao chão, desci daquele brinquedo, como criança que corre em busca de um doce. E você estava ali, vindo ao meu encontro. Abracei-lhe fortemente:
- Lá em cima, fiquei com medo de te perder.
- Eu também.
- De se perder?
- Não. De perder você.
- Fica comigo para sempre?
- Estou com você, além do que se pode imaginar.
[e você sussurrou]
- Eu te quero. Com todas as minhas forças. Eu te quero. Você jamais ficará só.
[Pietra M. H. Soares]