Sentada na varanda de casa, observando cada gota d'agua que caia do céu, pensando em como comprar um terreno na lua, embaralhando toda a minha mente; completamente distante de tudo mas não de todos. Lembrei de cada vez que o vi sair, e entrar em casa, de cada sorriso, jeito de andar com pressa, ás vezes mais calmo, e todas as brincadeiras dele. Foi mesmo nostálgico, tudo se assimilava, com o nosso relacionamento, que hoje já é um ex-relacionamento, isso ex-relacionamento, e eu já posso parar de pensar nisso. Pronto, agora distante de todos também. Me concentrei totalmente em comprar o meu terreno na lua, bizarro. Impossível na verdade. Mas tento, como sempre tentei tudo o que eu quis, e se acaso eu não conseguir eu imagino, como sempre imaginei tudo o que não tive. Um terreno na lua é algo que todos desejariam se quisessem ficar a sós, e eu literalmente estaria sozinha, pra pensar em tudo que eu quisesse, e principalmente, pensar em mim. Sempre pensei em fazer alguma coisa tipo, eu por mim; talvez eu me conheceria um pouco mais, tudo o que não conheci, por pensar muito nos outros. Bom, eu sempre complico tanto, que já embaralhei as coisas por aqui também, é que assim.. Eu o perdi, ai pensei em comprar um terreno distante de tudo,- aqui é meio difícil, tudo envolve muitas pessoas, e coisas - e pra me distrair e esquecer um pouco dos problemas. Bom, previsto que o meu terreno na lua eu não conseguiria, arrumei meu quarto, toda branquinho com detalhes lunáticos, e algodões pendurados no teto, como se fossem nuvens, pisca-piscas ao redor da cama e da janela, tudo pra que eu me sentisse no meu canto, sendo a minha lua - já que a lua que todos viam eu não consegui. Imaginei-a. Escrevi alguma coisa, mas as palavras que eu procurava eram: ''você, ele, nós." Mas era EU, era eu mesma, e se eu quiser eu sou nós, eu sou ele também, e sou você, é só aprender a lidar com isso e conseguir manter, - na maioria das vezes eu não consigo -. " Confusa. Chata. Alegre. Sonhadora. Otimista. Chorona. E mais um pouco, realizada! ". Isso já é um pouco do que sou. E dai, fiz o que pude, pra me sentir a vontade, enfeitei o máximo do meu quarto pra parecer a lua, comecei a escrever algo, parei de pensar nele, em você, em nós, e acabei me tornando várias em uma, e não me arrependi de nada. E não me arrependerei, só que agora já está tarde, já anoiteceu, esta ficando frio, e tenho que entrar, esse meu imaginário terá que esperar se quiser terminar, e a varanda mais viajada será o palco de mais um sonho, sem medida, e sem você, sem sofrimento, apenas meu. Mas pra terminar, antes de entrar vejo ele saindo novamente, e me sorrindo do jeito que me sorria sempre, mas desta vez era apenas um sorriso, agora eu vi isso, que ele apenas me sorria, e não me mandava um sinal, era apenas um eu imaginando o que eu não tinha ou o que deixei de ter, pela incapacidade de atravessar a rua e lhe dizer tudo, tudo o que sempre esteve entalado aqui dentro, pois afinal, sempre imagino tudo o que não tenho...
[ Pietra Mariah ]